Tradições, sabores e histórias que encantam.
As feiras livres são uma das atividades mais tradicionais de uma cidade e Campo Grande mantém viva essa experiência, que começou por aqui lá pelos anos 1920 (entre 1924 e 1925). Desde então, muitas feiras têm surgido em diversos pontos e hoje em dia, contempla todas as regiões da capital.
De diferentes tamanhos, elas privilegiam o contato mais pessoal e humano, em um mundo cada vez mais digitalizado. Não significa que não possam ser modernizadas, mas o grande charme é manter a essência dos primeiros tempos. Não deixa de ser uma deliciosa viagem ao passado.
A Feirona e o Sobá: Patrimônio Imaterial de Campo Grande
A primeira feira da cidade, que começou na R. Velha (atualmente a R. 26 de agosto), ficou neste local até meados de 1957, quando começou a construção do Mercadão Municipal, outro marco histórico do comércio campo-grandense. Mudou-se para a Av. Calógeras com a R. Antônio Maria Coelho.
Em 1966, por decreto do prefeito Antônio Mendes Canale, a feira mudou novamente, desta vez para o local que a consagrou como parte importante da história da cidade, a R. Abrão Júlio Rahe, no entorno das ruas Padre João Crippa e José Antônio.
O local transformou-se no passeio predileto das famílias, que iam saborear o famoso sobá, fazendo com que essa iguaria, vinda da ilha de Okinawa, se tornasse patrimônio imaterial da cidade.
Segundo a Associação Okinawa de Campo Grande, o prato está presente na culinária campo-grandense desde a década de 1940 e apesar de ter o mesmo nome do prato japonês, ele é diferente na sua composição: o sobá japonês é feito necessariamente de trigo sarraceno, enquanto que o de Okinawa é preparado com trigo branco comum.
Por muitos anos, a feirona era o destino certo dos baladeiros da cidade, que saíam das casas noturnas como o Túnel Club, Chatanooga, Stones e Bar Fly e iam matar a fome na madrugada.
A feirona manteve-se na R. Abrão Júlio Rahe por quase 40 anos até que, em dezembro de 2004, o prefeito André Puccinelli assinou o decreto que a transferiu para a Esplanada Ferroviária, lugar de importância histórica para o desenvolvimento de Campo Grande.
Na época, houve muita discussão por conta da mudança, mas já fazia parte dos anseios dos feirantes, que precisavam de um espaço maior. Hoje, o local está consolidado, promovendo diversos eventos, como o Festival do Sobá e a Festa do Peixe, além de promover shows com cantores locais.
Eventualmente, o pátio livre da Estação Ferroviária recebe shows de maior porte, tendo abrigado as festividades de aniversário da cidade, atraindo um grande movimento para a Feira Central.
Roteiros das Feiras Livres na Cidade
Assim como a Feira Central de Campo Grande, nossa querida feirona, cada região da cidade tem as suas próprias feiras livres, algumas enormes, outras nem tanto, mas sempre tendo como características serem pontos de encontro, com comércio de frutas, verduras, legumes e mais uma infinidade de produtos e serviços, além, é claro, das bancas de comida, como o tradicional pastel (tem pastel melhor que o de feira? Não tem, né?), acompanhado de um saboroso caldo de cana!
Campo Grande tem feiras livres de terça a domingo, são 6 dias na semana que propiciam compras e lazer, em horários variados: algumas das 7h às 12h, outras das 16h às 22h e tem a feirona, que tem horários e dias específicos, abrindo de quarta a domingo.
São 52 feiras livres no total, de diferentes tamanhos e que acontecem em todas as regiões da cidade. Dois bairros repetem a feira em dias variados: a Feira Livre da Coophavila II acontece às terças (das 16h às 22h) e às quintas (das 7h às 12h) e a Feira Livre do Taveirópolis funciona às terças e às sextas (ambos os dias das 7h às 12h).
Feira Livre do Guanandi
Uma das maiores e mais tradicionais da cidade é a Feira Livre do Guanandi, que ocupa 10 quadras da R. Barra Mansa, a principal do bairro. Lá é possível encontrar diversidade, bons lugares para comer e, além das barracas, o forte comércio local aproveita o movimento para ficar aberto no domingo e incrementar as vendas.
Feira Livre do Cabreúva (Orla Morena)
Outra que merece destaque é a Feira Livre do Cabreúva, que acontece toda quinta-feira, a partir das 17h, aproveitando o ótimo calçamento do canteiro central da Av. Noroeste, na Orla Morena, para reviver, com alguma nostalgia, os tempos da feirona na R. Abrão Júlio Rahe.
Pode não ser uma unanimidade, mas ela mantém vivo o espírito e a magia da feirona na rua, com comércio de frutas, verduras, legumes e uma infinidade de produtos e serviços; apresentações culturais no palco da Orla; barracas de gastronomia e o comércio no entorno, com bares, lanchonetes e restaurantes que se beneficiam do movimento gerado pela feira.
Feira Livre da Piratininga
Com crescimento espantoso nos últimos anos, a feira acontece aos sábados, das 16h às 22h. Ela nasceu ocupando um pequeno espaço na Praça Fernão Dias Magalhães, no bairro Piratininga, e hoje tomou conta de todo um lado da praça, que é dividida ao meio pela Av. Manoel da Costa Lima.
São duas quadras ocupadas na praça, tendo a R. Estevão Alves Ribeiro como referência, fazendo esquina com a Av. Manoel da Costa Lima. Possui tudo o que uma boa feira tem para oferecer, inclusive com shows de música ao vivo, e é um ótimo passeio de sábado para a imensa população local.
Feira Livre da Vila Jacy
Localizada num dos bairros mais tradicionais de Campo Grande, a feira aproveita o grande canteiro central da Av. Laudelina Barcelos, estendendo-se nesta avenida a partir da R. D. Otília Barcelos até a Av. Europa, e apesar de serem “apenas” duas quadras, elas são extremamente grandes, devendo equivaler a quatro quadras “normais” em extensão!
Além das tradicionais barracas de frutas, legumes e verduras, a feira conta com diversas opções de gastronomia, prestação de serviços e comércio, incluindo até barracas de massagem relaxante nas famosas cadeiras de Quick Massagem e em macas, além de vendas e consertos de panelas, como exemplos da diversidade de opções.
Lista das Feiras Livres
Visitamos algumas das feiras da cidade e trazemos aqui, a relação de todas, com seus respectivos dias de funcionamento, horário e sua localização.
As feiras livres da Cidade Morena são mais do que pontos de comércio: são espaços de convivência, lazer, cultura e tradição, que reforçam os laços entre a comunidade e mantêm viva a história local, além de impulsionar a economia dos bairros.
Confira a lista das feiras, separadas por dia da semana (lembrando que a feirona tem um calendário especial):
TERÇAS
- Coophavila II ● Av. Marinha, entre as ruas dos Camarões e Península ● 16h às 22h
- Coopharádio ● R. Assunção, entre as ruas Alberto Pires e Cristal ● 16h às 22h
- Taveirópolis ● R. Boaventura da Silva, entre as ruas Antônio Abdo e Franklin Espíndola ● 7h às 12h
- V. Pioneira ● R. Casa Paraguaia, entre as ruas Ana Luiza de Souza e Joana Darc ● 7h às 12h
- Lar do Trabalhador ● R. Oswaldo Veronezzi, entre as ruas dos Crisântemos e dos Ciclames ● 16h às 22h
- Cidade Morena ● R. Jaguariúna, entre as ruas Fraiburgo e Itapecerica ● 16h às 22h
- Mata do Jacinto ● R. Umbelina Paes Fernandes Silva, esquina com Pridiliano Rosa Pires ● 16h às 22h
- Ana Maria do Couto ● R. Waldeck Maia, entre as ruas Maria Luiza Spengler e Edimir P. Neto ● 16h às 22h
QUARTAS
- V. Jockey Club ● Av. das Primaveras, entre as ruas Ouro Verde e Bom Sucesso ● 7h às 12h
- José Abrão ● R. Armando Holanda, entre as ruas Rafael Hardi e Serafim Leite ● 16h às 22h
- Bonança ● R. Carajás, entre a Av. Tupiniquins e R. Tupi ● 16h às 22h
- V. Carlota ● R. do Dracma, entre as ruas Spipe Calarge e da Lira ● 16h às 22h
- Aero Rancho IV ● R. Jorn. Valdir Lago (antiga Arapoti), entre as ruas Edvaldo P. Delgado e Raquel de Queiroz ● 16h às 22h
- Recanto dos Rouxinóis ● R. Josué Jesus de Mattos, entre as ruas Demétrio do Amaral e Pedro Nava ● 16h às 22h
- V. Planalto ● R. Luiz de Albuquerque, entre a Tv. Batovi e a R. Benjamim Constant ● 7h às 12h
- Panamá ● R. Otavio Mangabeira, entre as ruas Barra do Mendes e Cisalpina Costa Monteiro ● 16h às 22h
QUINTAS
- Cohab (Universitária II) ● Av. Agripino Grieco, entre as ruas das Ciências e David Correa Leite ● 16h às 22h
- Coophavila II ● Av. Marinha, entre as ruas dos Camarões e Península ● 7h às 12h
- Cabreúva ● Av. Noroeste, entre as ruas João Azuaga e José Barbosa ● 16h às 22h
- Conj. União ● R. Arnaldo Sanches Vargas, entre as ruas Zacarias de Paula Nantes e Otacílio de Souza ● 16h às 22h
- Roselândia ● R. Assaré, entre as ruas Alberto Risoldim e Goiatuba ● 16h às 22h
- Jd. Petrópolis ● R. Caiabis, entre as ruas Murilo Rolim Junior e Guaranis ● 16h às 22h
- Jd. Imperial ● R. Duas Vilas, entre as ruas Francisco José Abrão e Carlos de Carvalho ● 16h às 22h
- Santo Eugênio ● R. Paraisópolis, entre as ruas Forquilha e Torixoreu ● 16h às 22h
- Jd. Ipanema ● R. São Bernardo, entre as ruas dos Andradas e Barnabé de Mesquita ● 7h às 12h
- V. Célia ● R. Sergipe com a R. Amazonas ● 16h às 22h
SEXTAS
- Novo São Paulo ● Av. Senhor do Bonfim, entre as ruas Assis e Itaparica ● 16h às 22h
- Alves Pereira ● Av. Waldemar Waihat, entre a Av. Guaicurus e a R. Francisco Aguiar Pimenta ● 16h às 22h
- Iracy Coelho ● R. Antônio de Castilho, entre as ruas Paulo Leite Soares e Gaudiley Brum ● 16h às 22h
- Coophatrabalho ● R. Bacabá, entre as ruas Pimenteira e Figueira ● 7h às 12h
- Taveirópolis ● R. Boaventura da Silva, entre as ruas Antônio Abdo e Franklin Espíndola ● 7h às 12h
- Guanandi II ● R. Ezequiel Ferreira Lima, entre as ruas da Divisão e Assaí ● 16h às 22h
- Maria Aparecida Pedrossian ● R. João Francisco Damaceno, entre Av. Orlando Darós e R. Minerva ● 16h às 22h
- Tiradentes ● R. Rouxinol, no entorno das ruas Antonio Pinto de Barros, Getúlio Costa Lima e Panambi ● 16h às 22h
- Jd. Aeroporto ● R. Wanderley Pavão, entre as ruas Rio Galheiros e Heitor Vieira de Almeida ● 16h às 22h
SÁBADOS
- V. Jacy ● Av. Laudelino Barcelos, entre a Av. Europa e R. Dona Otília Barbosa ● 16h às 22h
- Caiçara ● R. do Ouvidor, entre as ruas Vital Brasil e Vila Lobos ● 7h às 12h
- Piratininga ● R. Estevão Alves Ribeiro, Praça Fernão Dias Magalhães ● 16h às 22h
- Jd. das Perdizes ● R. Francisco Ferreira de Souza, entre as ruas Francisco Aguiar Pimenta e Agostinho Bacha ● 16h às 22h
- Conjunto Buriti ● R. Jaime Costa, entre a R. das Camélias e Av. das Mansões ● 16h às 22h
- V. Carvalho ● R. Joaquim Manoel de Carvalho, entre as ruas Bernardo Franco Baís e Brilhante ● 7h às 12h
- Coophasul ● R. José Ribeiro de Sá Carvalho, entre as ruas Américo Cardoso Costa e Theodoro Roosevelt ● 7h às 12h
- V. Palmira ● R. Ministro José Linhares, entre as ruas Yokohama e Miranda ● 16h às 22h
- Jd. Bálsamo ● R. Patrocínio, entre as ruas Leolina Dias Martins e Triângulo Mineiro ● 16h às 22h
- Monte Carlo ● R. Roberto de Medeiros, entre as ruas Naviraí e Carneiro de Campos ● 16h às 22h
- Tijuca II ● R. Souto Maior, entre as ruas Maracantins e Aicás ● 16h às 22h
- Estrela Dalva ● R. Uirapuru, entre as ruas Marques de Leão e do Cisne ● Estrela Dalva ● 16h às 22h
DOMINGOS
- Universitário ● Av. Brigadeiro Thiago, entre as ruas Elesbão Murtinho e Pacheco Sampaio ● 7h às 12h
- Nova Lima ● R. Abrão Anache (antiga R. Paris), entre as ruas Lino Vilachá e Jerônimo de Albuquerque ● 7h às 12h
- José Pereira ● R. Américo Carvalho Baís, entre as ruas Sagarana e Edmund de Almeida ● 7h às 12h
- Jd. Botafogo ● R. Ana Luiza de Souza, entre as ruas Centro Oeste e Goiatuba ● 7h às 12h
- Guanandi ● R. Barra Mansa, entre as ruas Caramurú e Kalil Naban ● 7h às 12h
- Moreninhas ● R. Barueri, entre as ruas Solania e Anacá ● Moreninhas ● 7h às 12h
Feira Central – R. 14 de Julho, 3301, Esplanada Ferroviária
- Quartas e Quintas: das 16h às 23h
- Sextas: das 16h à 0h
- Sábados: das 12h à 0h
- Domingos: das 12h às 23h
Um Passeio mais do que Tradicional
Os passeios nas feiras livres remetem a um passado distante. Aqui na capital, a modalidade vai completar seu primeiro centenário. Apesar de ter começado em 1924, a regulamentação oficial aconteceu em 4 de maio de 1925, sendo, portanto, a data oficial da criação da pioneira Feira Central de Campo Grande.
Uma “jovem senhora”, uma vez que a origem das feiras livres no mundo remonta ao ano 500 a.C. no Oriente Médio e apesar de ser difícil precisar a data, alguns estudiosos afirmam que esse é o provável surgimento, enquanto outros estudos dizem que foi na Idade Média (Século V até o XV), relacionadas a festas religiosas neste período.
Independente do correto período do surgimento da atividade, é certo afirmar que as feiras livres fazem parte da história de praticamente todas as cidades e Campo Grande está devidamente inserida neste contexto.
E o pós-feira, como fica?
Talvez você nunca tenha parado para pensar nisso, mas já reparou como as ruas ficam após o encerramento das feiras livres de Campo Grande? Limpas e desimpedidas, tanto para os pedestres quanto para os veículos!
Este trabalho de limpeza é feito pela Solurb, de acordo com a escala das feiras da cidade, sendo realizado praticamente em seguida ao encerramento da feira, garantindo a remoção dos resíduos, evitando odores e permitindo o fluxo e ocupação das vias e praças onde elas acontecem.
Um trabalho digno de aplausos, mantendo a vida em seu ritmo normal após os eventos.
Conclusão
Descubra a magia das feiras livres de Campo Grande, seja para saborear um pastel delicioso, um sobá ou ainda para buscar produtos mais saudáveis e vivenciar a história local. Sempre há algo especial nestes programas!
Conhece alguma feira que não foi mencionada ou viu algum dado que não confere? Envie para o Whats abaixo, que podemos editar a lista!
Editor:
Gutemberg Oliveira, o Guto, Amigo da Cidade Morena.
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