O Carandá Bosque é daqueles bairros que logo conquistam pelo visual: ruas largas e arborizadas, praças bem cuidadas e um ar de tranquilidade que se mistura ao movimento do comércio local. Surgido na década de 1980, consolidou-se como uma das regiões mais desejadas de Campo Grande, oferecendo qualidade de vida, conveniência e proximidade com áreas verdes que já viraram cartão-postal da cidade.
Origem e identidade
A inspiração para o nome veio da natureza. O carandá é planta típica do Cerrado, utilizada historicamente em construções rústicas e artesanato, evocando essa ligação com a natureza. Somado à ideia de “bosque”, o nome reforçou desde o início a proposta de um bairro residencial, cercado por árvores e marcado por bem-estar.
Localizado na região urbana Prosa — que reúne cerca de 95 mil habitantes (IBGE / SISGRAN 2022) — o Carandá Bosque se divide administrativamente em Carandá Bosque I, II e III, além dos loteamentos Tayamã e Vila do Polonês.
Comércio, serviços e infraestrutura
O bairro vai além do perfil residencial. Um de seus eixos mais movimentados é a R. Vitório Zeolla, repleta de padarias, pizzarias, sorveterias, butiques, conveniências e outros serviços que fazem parte do cotidiano dos moradores.
De fácil acesso ao centro, a avenida de entrada é a Antônio Teodorowich, que começa na Antônio Maria Coelho, atravessa a Av. Mato Grosso e a partir da primeira rotatória do bairro, chega na Vitório Zeolla. A Av. Hiroshima, importante veia comercial da região, é alternativa, seguindo pela Av. Mato Grosso até a rotatória de entrada do Parque dos Poderes.
São muitos os estabelecimentos de destaque espalhados pelas vias do Carandá, com muitas empresas de serviços e comércios, muitos dos quais lembrados pelos personagens desta matéria.
Educação, saúde e lazer
O Carandá Bosque reúne instituições de ensino de referência da rede privada, como o Colégio Status – Carandá, a Escola Afetiva e o Colégio Cristão Aliançados. O bairro também conta com o apoio da Fundação de Esportes, que através do Centro Municipal de Treinamento Esportivo (CEMTE) oferece atividades esportivas e culturais.
Na saúde, os destaques são o Hospital Cassems Campo Grande e o Hospital da Unimed, ambos vizinhos do bairro e reconhecidos pelo atendimento de qualidade, além de clínicas e consultórios espalhados pelas ruas principais.
Quem busca lazer e contato com a natureza encontra no Bosque da Paz, no Bosque Carandá e em praças como as do Régi, Amauri de Souza e da Árvore. Esses espaços são pontos de encontro da vizinhança, ideais para caminhadas, corridas e momentos de convivência.
A fé também é contemplada e entre as várias igrejas de crenças diversas espalhadas pelas ruas do bairro, destacamos a Paróquia Imaculado Coração de Maria, na Av. Hiroshima, que encanta pelo imponente prédio e faz parte da comunidade católica. É uma igreja relativamente nova, fundada em outubro de 2020.
Um bairro em desenvolvimento
O Carandá Bosque abriga imóveis de médio e alto padrão, com destaque para condomínios e residenciais como Portal Itayara, Tropical Park I, Le Corbusier, Montjuïc, Golden Gate, Itacolomi, Parque das Nações Indígenas, Torres de Espanha e Via Park. Essas opções ampliam o leque de quem busca segurança, conforto e privacidade.
Embora tenha se consolidado como um bairro horizontal, o Carandá Bosque começa a vivenciar novas transformações. Projetos imobiliários recentes abrem espaço para o adensamento e melhor ocupação dos vazios urbanos, trazendo à tona uma realidade sobre novas formas de morar em Campo Grande.
Os prédios oferecem vantagens práticas, como segurança, conveniência e menor necessidade de manutenção — sem que isso apague a identidade verde que caracteriza a região. O equilíbrio entre tradição e inovação é o desafio e, ao mesmo tempo, a oportunidade que o bairro tem pela frente.
Atrações do Carandá
A Feira Bosque da Paz é um dos grandes ícones do bairro: considerada a maior feira cultural e de economia criativa da cidade, reúne mais de 500 expositores a cada edição. Criado pelas moradoras Denise e Carina Zamboni, mãe e filha, o evento acontece sempre no terceiro domingo do mês, na principal praça do bairro (R. Kame Takaiassu com R. das Folhagens), oferecendo gastronomia, moda, artesanato, serviços e apresentações musicais que movimentam a cena cultural de Campo Grande.
Com uma edição realizada neste último final de semana (21), a feira já é uma tradição na cidade e muita gente vem de outros bairros para visitar e aproveitar tudo o que o evento oferece. Com tema retrô, a cantora Patty Araújo (@pattyaraujoms), a rainha do flashback, trouxe os grandes sucessos dos anos 1980 para o palco, agitando a galera presente. Mais tarde, os consagrados músicos do Bêbados Habilidosos (@bebadoshabilidosos) desfilaram os grandes sucessos do seu blues autoral, com as composições do icônico Renato Fernandes, um dos fundadores da banda que nos deixou em 2015, mas cujo legado faz parte da história da música sul-mato-grossense. Em outro palco, numa das áreas gastronômicas da feira, o músico Vitor Alves (@alvesvitinn) apresentou clássicos nacionais de Tim Maia, Paralamas do Sucesso, Charlie Brown Jr e Cidade Negra, entre outros.
Além da música, as barracas tem várias opções de artesanato, moda circular, presentes, bijuterias, doces, bolos, bebidas, antiguidades, colecionismo, material nerd, livros e uma farta gastronomia, com barracas de espetinhos, saltenhas bolivianas, churrasco grego, shawarma e o destaque fica para a costela defumada e desfiada da galera do Fumatta Defumados Originais (@fumattabr), que foi a escolha do dia e estava maravilhosa!
Outro ponto de referência na região é o Centro de Convenções Albano Franco, localizado na Av. Mato Grosso, que por anos foi palco de grandes eventos e exposições como a Feira do Empreendedor do Sebrae/MS, a Ferinter e a Feipan. Atualmente sem uso definido, segue como marco arquitetônico e histórico, tendo inclusive abrigado provisoriamente a Casa da Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde.
Apesar de não estarem localizados no bairro, os moradores têm à disposição três ótimas opções de lazer da cidade: a primeira é um dos parques mais bonitos do país, o Parque das Nações Indígenas, com belíssimas opções de lazer como o Bioparque Pantanal, o Museu das Culturas Dom Bosco e o Museu de Arte Contemporânea. O parque é palco de eventos musicais e culturais como o MS ao Vivo e o Som da Concha, além de pista gigante de caminhada, playground para a criançada, pista de skate e ciclovia.
Outro parque majestoso é o Parque do Sóter, na divisa do Carandá com a Mata do Jacinto, que também conta com pista de caminhada, playground, quadras poliesportivas (inclusive de tênis) e quadras para prática de esportes na areia. O espaço é maravilhoso e é uma ótima opção para passear nos finais de semana.
A terceira opção é o Parque dos Poderes, complexo que abriga a Governadoria e as secretarias estaduais de Mato Grosso do Sul, que nos finais de semana se transforma em palco de caminhadas, passeios ciclísticos e a prática de esportes em suas ruas, onde a prefeitura interdita o trânsito em um dos lados das largas avenidas, para garantir a segurança dos frequentadores.
Personagens e histórias
Nossa primeira entrevistada é Vera Silvana, empreendedora e moradora do Carandá Bosque há 24 anos. Nos últimos 15, transformou a confeitaria em sua principal ocupação. À frente da Vera Diniz Confeitaria, instalada na Av. Hiroshima, ela começou o negócio em casa, em 2010, num momento difícil da vida. Foram dois anos de incertezas, até que, com dedicação e persistência, conquistou espaço e hoje é referência no bairro. Vera faz questão de manter alto padrão nos ingredientes e afirma: “não basta ser gostoso, tem que encantar o cliente desde a primeira vista”. No Instagram da loja (@veradinizconfeitaria), as produções falam por si.
Vera gosta de prestigiar os vizinhos: costuma almoçar no Restaurante Viva a Vida, em frente à sua loja, e frequenta lugares como o Pistache, o Espetinho do Waldir, o Pé de Vitamina, a Pizza do Jorge e o Restaurante Seu Gastão. Faz Pilates na Clínica Une, que é vizinha da sua loja, e destaca que o bairro oferece tudo de que precisa: mercados, farmácias, frutarias e padarias a poucos minutos de casa.
Já D. Maria de Fátima, moradora da Av. Hiroshima, lembra com bom humor dos primeiros tempos, quando a região ainda não tinha asfalto: “nos dias de chuva, eu colocava sacolas de supermercado nos pés para sair de casa e não sujar tanto os sapatos”. Ela e o marido foram pioneiros ao construir uma das primeiras casas da rua. Hoje, aprecia a tranquilidade do bairro e diz encontrar tudo que precisa por perto. Cliente assídua do Supermercado Gauchão, também gosta das padarias Dico (Av. Hiroshima) e Sabor do Sul (R. Vitório Zeolla).
Na entrada do Parque dos Poderes, conversamos com Magno Gonçalves, proprietário da Conveniência dos Poderes (@conveniencia.dospoderes), inaugurada em 2022 em frente a um empreendimento que está sendo erguido e irá contar com duas torres de apartamentos. Magno recebia, no momento da entrevista, a companhia de dois clientes e amigos de mais de três décadas: Luiz Mário Ferreira e Osvaldo Riedling. Osvaldo e Magno são moradores do bairro, enquanto Luiz Mário vive no Jardim São Lourenço, mas todos compartilham a rotina no Carandá.
Os amigos citaram vários lugares que gostam de ir, como o Quintal Espetaria, Pé de Vitamina (que hoje é somente delivery e deu lugar ao Época Bar e Restaurante, dos mesmos proprietários) e também falaram do Espetinho do Waldir.
Magno lembra que, antes do negócio atual, foi dono por quase vinte anos da Conveniência que hoje tem o nome de Pé de Garrafa, na esquina da Av. Hiroshima com a Av. Desembargador Leão Neto do Carmo, via de acesso à antiga Uniderp Agrárias e também endereço da Associação Atlética Banco do Brasil – AABB, conhecendo a fundo a história do bairro.
Os três amigos são unânimes em afirmar que o Carandá evoluiu muito e que o bairro é muito agradável de se morar, quer seja pela tranquilidade e arborizacão, quer seja por ter praticamente tudo o que é necessário para se morar bem, como escolas, supermercados, serviços, parques e praças na medida certa.
Outra boa história veio da Duo Store (@duostorecg), das sócias Érika Duranes e Lara Lanza, instalada na R. Vitório Zeolla. Érika contou que abriram a primeira loja no Coronel Antonino, mas decidiram investir no Carandá há cerca de dois anos, em uma galeria que rapidamente conquistou clientela fiel. Morando em outro bairro, ela afirma que um de seus objetivos é se mudar para o Carandá Bosque. Entre os lugares que mais gosta de frequentar, cita nomes já lembrados por outros entrevistados: Pé de Vitamina, Quintal Espetaria, Pizza do Jorge e Espetinho do Waldir.
Fechando as entrevistas, conversamos com o casal Rafael Petinari e Nayara Rosa, proprietários do Pé de Vitamina Delivery (@pedevitamina) e do Época Bar e Cozinha (@epocabarecozinha). Empreendedores de longa data, eles já passaram por diferentes projetos — entre eles o Safari Burger & Grill (@safariburger), que recentemente celebrou 15 anos com uma grande festa, e o Sacramento Cervejaria. Em 2017 surgiu o Pé de Vitamina, inicialmente no centro e depois mudou-se para o Carandá Bosque, sempre com a proposta de oferecer refeições saudáveis, feitas com ingredientes de qualidade e sem produtos industrializados e hoje funciona em regime de entrega (delivery).
Com o tempo, o espaço ganhou nova cara: o Época Bar e Cozinha, que funciona a partir do almoço até à noite, trazendo sanduíches, porções, bebidas e drinques em um ambiente de inspiração vintage. O local conta com playground, varanda com vista para a Av. Vitório Zeolla e música ao vivo em diferentes dias da semana. Entre os destaques estão a Terça Épica, as apresentações dos Boêmios da Seresta às sextas e a tradicional feijoada com samba aos sábados.
Perspectivas e futuro
Com localização estratégica — próxima ao Parque dos Poderes, ao centro e conectada por corredores viários como a Av. Mato Grosso, Nelly Martins (Via Park) e Kame Takaiassu — o Carandá Bosque segue como um dos endereços mais valorizados da capital. Sua população, estimada em cerca de 10.400 habitantes (SISGRAN/Prefeitura de Campo Grande, 2022), desfruta de status de bairro seguro, bem servido e com forte espírito comunitário.
A valorização imobiliária mostra um cenário em constante transformação. Novos empreendimentos verticais apontam para a diversificação nas formas de morar, ao mesmo tempo em que as ruas largas, arborizadas e o perfil residencial preservam a identidade que tornou o Carandá um dos bairros mais queridos de Campo Grande.
O futuro do bairro parece estar na harmonia entre tradição e inovação: acolher os avanços e a modernidade sem perder o verde, a tranquilidade e a qualidade de vida que já fazem parte da sua história.
Texto e Fotos: Guto Oliveira (@senhordosroles)
