Parece até que a cidade está ‘nevada’, mesmo com as temperaturas acima dos 36 graus. Mas na verdade é a linda florada dos ipês brancos que saúdam a chegada da Primavera na Cidade Morena, novamente embelezada pela floração dos ipês-brancos, que encantam moradores e visitantes em diversos pontos da cidade.
Embora o mês de setembro seja tradicionalmente marcado pela florada dessas espécies, a maior parte dos ipês-brancos já havia florescido no final do inverno, antecipando o ciclo natural devido às variações climáticas. Agora, uma segunda florada surpreende e colore a cidade desde a chegada da primavera em 22 de setembro. “A surpresa maior está no comportamento do ipê-branco, que se adiantou um mês e agora está florindo de novo em setembro, estimulado pelo calor alternado com frentes frias. A natureza se adaptando ou, quem sabe, reagindo. A floração simultânea, ao mesmo tempo, em que encanta, é também um lembrete de que as mudanças climáticas já afetam o ritmo natural da vegetação”, destaca o professor e biólogo Milton Longo.
Segundo o especialista, as quatro principais espécies de ipês utilizadas na arborização urbana seguem, em regra, uma sequência natural de floradas ao longo do ano. “Estamos falando de espécies diferentes. Você tem uma certa sequência lógica de floradas, que neste ano acabou sendo sobreposta entre as quatro principais espécies que a gente conhece e que são usadas na arborização pública”, explica Milton.

Normalmente, o ciclo começa com o ipê-rosa, seguido do ipê-roxo — que, em alguns anos, floresce ao mesmo tempo. Em seguida, vem o ipê-amarelo, cuja floração costuma se estender por todo o mês de agosto até meados de setembro. O último da sequência é o ipê-branco, que finaliza o período de floradas já no início da primavera.
Neste ano, no entanto, as condições climáticas alteraram esse ritmo. “O ipê-branco já está na segunda florada, está lindo, inclusive! Isso acontece por causa de um segundo estímulo, que é a variação de temperatura. De fato, temperatura e umidade são os principais fatores que determinam essas floradas”, reforça o biólogo.
A sucessão de frentes frias no início da estação, aliada a um inverno atípico com temperaturas mínimas e máximas elevadas, interferiu no ciclo das árvores. A florada simultânea, ainda que visualmente impressionante, é também um reflexo direto das mudanças climáticas que impactam o equilíbrio ambiental.
Cidade Árvore do Mundo – Campo Grande possui uma das maiores médias de arborização entre as capitais brasileiras. O ipê-rosa é uma das espécies mais numerosas na paisagem urbana, mas não é a principal. Como destaca o biólogo Milton Longo, “a árvore mais comum em Campo Grande, em termos de arborização, é o oiti. Entre os ipês, os mais presentes são o rosa e o amarelo. E agora, neste curto período, o branco está se destacando bastante também”.
Assessoria ACM