Como as apostas estão acabando com os brasileiros.
Uma epidemia silenciosa tomou proporções inacreditáveis e está levando milhões de pessoas a um caminho sem volta, que é o vício das apostas online. Os dados são alarmantes e têm causado impacto em várias áreas, principalmente nas famílias e comércio tradicional.
As empresas de apostas online têm sido as principais patrocinadoras dos campeonatos e torneios mais importantes de futebol do Brasil, por exemplo, e a massiva propaganda tem associado essas empresas com o esporte, tornando-se um tema que presume legitimidade, notadamente entre os jovens que normalizam as apostas como uma coisa saudável e comum.
Dados Alarmantes
Um estudo recente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo – IDV (www.idv.org.br) aponta que 52 milhões de brasileiros adultos (cerca de 34% da população) já fizeram apostas esportivas online e 81% desses apostadores são pessoas com menos de 50 anos. Outro dado alarmante é que 79% pertencem às classes C, D e E, ou seja, são pessoas que vivem no limiar da pobreza.
Os impactos causados são muito expressivos e além de promover/aumentar o endividamento e diminuição da renda da população que joga, a prática tem provocado consequências seríssimas na saúde mental e sociabilidade das pessoas, causando transtornos entre familiares e pessoas próximas.
Como os apostadores escolhem as bets
Os critérios para a escolha dos players (casa de apostas preferida) são diferentes para as classes A/B e as demais: enquanto os mais ricos são influenciados por 42% pelas propagandas, 72% dos menos favorecidos respondem às mesmas. Também os mais pobres citam 79% de decisão tomada por patrocínio no seu clube esportivo favorito, enquanto que os mais abastados dizem que 49% escolhem a empresa por conta de seu time do coração. Isso para dizer que o futebol, sendo o esporte preferido da massa, é um dos principais responsáveis pelas escolhas.
Dados e Impacto Econômico
O dinheiro investido nas apostas online sai, na sua grande maioria, do dinheiro do orçamento doméstico, ou seja, é desviado de despesas já comprometidas. No estudo da IDV, 63% dos brasileiros afirmaram que parte de sua renda foi comprometida pelas apostas. Cerca de 37% disseram que já usaram dinheiro destinado a compromissos importantes para apostas e 6, em cada 10, afirmam conhecer pessoas que estão perdendo dinheiro com apostas esportivas.
Além do desequilíbrio financeiro doméstico, este dinheiro desviado “foge” do comércio, o que afeta indiretamente as pequenas empresas, que veem seus faturamentos diminuírem em consequência das apostas.
Consequências nas Relações Pessoais
A perda e o descontrole financeiro acabam gerando frustração na grande maioria dos apostadores, que descarregam suas emoções negativas nas pessoas à sua volta, causando prejuízos inestimáveis no convívio. O estudo aponta que 30% relatam dissabores pessoais por conta das apostas. E o vício já está consolidado na vida dessas pessoas, pois 66% alegam estar apostando mais do que deveriam, enquanto que 67% afirmam conhecer pessoas que estão viciadas em apostas.
Soluções Propostas
Esses estudos, muito bem conduzidos, encontram-se disponíveis no site da IDV e foram apresentados ao vice-presidente Geraldo Alckmin, em meados de setembro deste ano, como forma de mostrar essa triste realidade e propor soluções para minimizar o problema.
Como resultado de todo este levantamento, a IDV aponta soluções em três principais frentes:
- Regulação da publicidade: a publicidade tem atingido níveis altíssimos, chegando a jovens e também crianças, principalmente nas redes sociais. Cerca de 80% dos brasileiros afirmam ter excesso de propaganda das apostas. É preciso limitar esse alcance, principalmente aos jovens e crianças.
- Limitação de Riscos de Endividamento: criar mecanismos para conter o ímpeto dos apostadores, limitando o acesso a crédito dos cartões, empréstimos ou o uso de dinheiro vindo de programas sociais de complementação de renda.
- Tratamento como Questão de Saúde Pública: criar campanhas de prevenção ao vício, que é tão preocupante quanto a bebida ou o tabaco, alertando sobre o risco de dependência e os seus impactos na vida das famílias.
Casos Recorrentes no Futebol
Os efeitos nocivos dessa epidemia estão causando impactos profundos na credibilidade do maior esporte do mundo, o futebol, com recentes casos que, no mínimo, causaram muita estranheza:
Na Premier League, o meia da seleção brasileira, Lucas Paquetá, está sendo investigado sob a acusação de manipulação de apostas, por conta de movimentações anormais especialmente sobre o recebimento de cartões amarelos, levantando suspeitas e desencadeando investigações pela liga inglesa e pela FIFA.
Em episódio ainda mais recente, Rafael Silva, do Cruzeiro, praticou um ato antiesportivo, logo no início do jogo (aos 3 segundos), desferindo uma cotovelada em Kaique Rocha, do Athletico. Alertado pelo bandeirinha, Thiago Henrique Farinha, o árbitro Rodrigo de Lima expulsou o jogador. No lance, não há qualquer indício de motivo aparente para a agressão, notando-se, inclusive, que ele ainda tentou atingir um jogador que estava mais próximo e se esquivou, sobrando a cotovelada para o Kaique.
Por fim, autoridades esportivas internacionais levantaram suspeitas ao observarem movimentações estranhas de pessoas ligadas ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo, no quesito de levar cartões amarelos, levando a Betano a suspender esse item de aposta para esta partida. Investigações foram iniciadas, para apurar se há indício de beneficiamento desses apostadores, por conta do aviso do jogador.
Tudo isso causa, além do constrangimento vexatório aos entusiastas do futebol, um sério abalo na credibilidade de uma das maiores paixões esportivas do povo brasileiro.
Luz no Fim do Túnel?
O Ministério Público Federal – MPF vem acompanhando os impactos das casas de apostas online, uma vez que estão se transformando em um grave problema de saúde pública e econômica do país.
Segundo informações do NeoFeed (www.neofeed.com.br), projeto editorial conduzido pelos jornalistas Carlos Sambrana e Ralphe Manzoni Jr, eles anunciaram que o Procurador Geral da República Paulo Gonet protocolou medida cautelar contra as bets que atuam no país, alegando inconstitucionalidade delas, além de citar os danos causados pela prática das apostas na sociedade brasileira, principalmente nas camadas mais baixas de renda.
Alerta Dado, Olhos Abertos
Diante de fatos irrefutáveis e de estatísticas estarrecedoras, cabe o alerta para que as pessoas não se iludam com as possibilidades de “resolverem” seus problemas financeiros, caindo na armadilha das apostas online. É um vício, é desagregador social, causa impactos na saúde mental dos apostadores e é uma ilusão, bem como os jogos correlatos (Tigrinho, Coelhinho e afins).
Não dá para fechar os olhos para essa epidemia maléfica que, só a título de comparação, o estudo da IDV mostrou que 25 milhões de brasileiros adultos passaram a fazer apostas nos 7 primeiros meses de 2024, enquanto que o Coronavírus, responsável pela maior pandemia que vivemos, levou 11 meses para atingir esse mesmo número de pessoas no país.
Informe-se, divulgue e não caia nessa armadilha dos tempos atuais.
Editor:
Gutemberg Oliveira, o Guto, Amigo da Cidade Morena.
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